quarta-feira, outubro 09, 2002

O sol começava a mostrar seus primeiros raios e eu fechava a última página daquele livro, em meus olhos estavam lágrimas de súplica, de angústia, de similaridade. Era hora de levantar, continuar no meu mundo real e esquecer aquele mundo de Demian.
Eu passei um dia, uma semana, um mês...tentava encontrar Demian e Sinclair, eu parecia um louco, mas estava amando aquele primeiro contato com Herman Hesse.

terça-feira, outubro 08, 2002

A madrugada estava a galope, eu já não escutava o barulho das máquinas, o sono não me atrapalhava mais, esqueci do tempo, do ambiente, já não havia um assalariado numa empresa, agora existia um personagem vendo a vida de um menino que gritava em cada entrelinha a necessidade de ter um amigo, de ser forte: Eu gritava junto, chorava os seus sentimentos, amava as suas emoções, esquecia de mim e vivia agora nele.

A minha relação com Herman Hesse começou aos 19 anos, eu estava numa empresa tirando pernoite, um grande amigo, Almério Júnior, me emprestou um livro, eu comecei a ler às 01:30 da manhã, sonolento e entediado, estava num ambiente barulhento, cheio de máquinas e compressores, sentado num canto com as pernas em cima da mesa, era tudo muito bucólico, e à minha frente eu tinha um portal para os sentimentos, para as relações, para o mundo mágico dos amigos: Demian. Após cada linha lida, não conseguia parar para iniciar as minhas funções na empresa, e o tempo passava e os capítulos me arrastavam para o mundo mágico de Abraxas. Sorria com os medos de Demian, me orgulhava das atitudes de Sinclair, chorava com aquela surpreendente atração de Demian pelo amigo Sinclair.